Quinta, 21 de Agosto de 2025

Rio de Janeiro Lança Plataforma Digital Inédita para Combater o Feminicídio

Ferramenta inédita reúne dados de segurança, justiça e saúde para formular políticas públicas eficazes no enfrentamento à violência contra a mulher.

20/08/2025 às 23:18
Por: Redação

A Secretaria de Estado da Mulher do Rio lançou, nesta quarta-feira (20), uma plataforma digital inédita: o Observatório do Feminicídio. A ferramenta reúne dados da segurança, justiça e saúde, visando auxiliar na formulação de políticas públicas de enfrentamento à violência contra as mulheres.

Dados da Secretaria de Estado de Saúde revelam que, entre os 42.152 casos notificados em 2024, 30.978 (73,5%) tiveram mulheres como vítimas. A violência física é a principal forma de agressão, enquanto o estupro é o tipo de violência sexual mais frequente.

“Pela primeira vez, reunimos em um só espaço dados de órgãos públicos que denunciam, investigam, julgam e acolhem. É uma iniciativa que une ciência e dados para enfrentar uma das formas mais cruéis de violência contra a mulher. Nosso compromisso é continuar trabalhando para que nenhuma mulher seja silenciada pela violência”, afirmou a secretária de Estado da Mulher, Heloisa Aguiar.

Outro dado preocupante é a reincidência das agressões: cerca de 42% dos casos notificados ocorreram de forma repetida.

“Os casos de feminicídio e agressões a mulheres são constantes e alarmantes. A iniciativa de integrar o novo painel da Saúde RJ com informações sobre as notificações compulsórias a outras áreas do Governo em ferramenta única é importantíssima. Certamente vai ajudar a formular novas políticas públicas para enfrentamento deste tipo de violência. Essa força tarefa é fundamental para garantir que as mulheres estejam protegidas e acolhidas”, destacou a secretária de Estado de Saúde, Claudia Mello.

Além da plataforma, foram lançadas uma cartilha informativa destinada ao público em geral e um curso de capacitação para agentes de segurança.

“É fundamental que nos unamos ao governo do Estado para enfrentar esse problema. Instituições como a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) têm a responsabilidade de não apenas produzir conhecimento, mas também de se posicionar diante das injustiças”, disse a vice-reitora da UFRJ, Cássia Turci.

Rede de proteção

Números do Instituto de Segurança Pública (ISP), presentes no painel do Observatório do Feminicídio, indicam que o Rio de Janeiro registrou 53 casos de feminicídio entre janeiro e julho de 2025. Este dado representa uma redução de 12 casos em relação ao mesmo período de 2024. No âmbito do Tribunal de Justiça, o painel do TJ-RJ aponta que, no primeiro semestre de 2025, foram concedidas 23.440 medidas protetivas de urgência e efetuadas 3.032 prisões.

O Observatório do Feminicídio conta com o apoio técnico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), além da participação da Secretaria de Estado de Saúde, do Instituto de Segurança Pública (ISP), do Tribunal de Justiça, do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher e da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Alerj.

A iniciativa tem caráter multidisciplinar e funciona como ferramenta de integração de dados de órgãos que denunciam, investigam e julgam os casos, além de acolher sobreviventes e familiares. O projeto conta com um investimento de R$ 2,4 milhões da Secretaria de Estado da Mulher.